Certa vez, com 4 anos, vi minha mãe estudando e me estiquei toda para ver o que era. Ela me falou sobre a importância do corpo e de como o ser humano joga no corpo as coisas que sente e isso podia se transformar em "couraça", um termo da psicologia. O mais importante da couraça é que ela nos protege de viver algumas situações de frustração, medo, ansiedade, etc., mas também impede a vivência das alegrias, sensações de prazer e viver a vida em sua plenitude. Desta forma vamos crescendo e vivendo encouraçados pra tentar nos proteger do mundo.

Não foi diferente comigo, porém, tive a sorte de um dia acompanhar minha mãe no trabalho, que era um curso de psicologia corporal que ela ia ministrar para bailarinos.

Fiquei fascinada com o que vi e saí dali matriculada. Não faltava aula por nada e parecia que tinha aprendido a respirar naquela hora, tamanha era a felicidade em dançar! As posturas, as pontas, as piruetas! Aquilo era meu infinito particular como diria a Marisa Monte.

Os anos se passaram e fiz aquilo que todos fazem: faculdade, casamento, filhos, carreira, outra carreira, mudança de cidade, voltar para a cidade natal e tudo o que permeia as grandes decisões da vida, as quais sou muito grata e feliz por uma vida com amor.

Mas a dança havia ficado para trás ...

Quando voltei para Curitiba em 2015, conheci a Sil e me apaixonei pelo "ballet fitness". Fiz um ano de aulas com ela e, de novo, por outras circunstâncias, a dança ficou pra trás.

Mas aquela conversa dos 4 anos com minha mãe, ficou dentro de mim. A importância do corpo, das emoções, tentar aliviar a couraça que havia se formado ao longo dos meus 43 anos. Precisava fazer isso!

Um dia em 2021, uma amiga querida que dança comigo, perguntou no grupo de pais da escola se alguém conhecia uma escola de ballet adulto. A Sil! Na hora veio a Sil em minha mente e o que tinha vivido em 2015. Falei pra minha amiga e ela me respondeu: vamos fazer ballet?

Essa amiga sempre fala que fui eu que levei ela para a Fábrica, mas foi ela que me levou! Ela que me fez lembrar quem eu era, lembrar do meu infinito particular!

Hoje estou a 5 dias de distância da apresentação, com o coração vibrante e feliz. Cheia de amor e orgulho desse grupo lindo do qual faço parte, mulheres que entraram no meu infinito particular para respirar comigo. Porque dançar é respirar.

Tudo isso regidas pela bailarina incrível Silmara e sua capacidade de fazer todas as histórias se entrelaçarem, se completarem e formarem uma figura, sua linda capacidade de criar!

Sigamos Dançando Sempre!